Apuro dos jornais em tempo de blogues
Dois textos de opinião americanos, uma polémica na blogo-esfera portuguesa e um caso pessoal, explicam, pelo menos em parte, a crise dos jornais (que não é só comercial, diminuição drástica de vendas, mas sobretudo cultural, de diminuição de influência no espaço público). e a importância crescente dos blogues.
Os textos de opinião são um do New York Review of Books, The end of news?, e outro o artigo de Joseph Epstein, intitulado "Are newspapers doomed?" no Commentary. São artigos que um académico ligado aos cursos de comunicação devia ler. O paradigma de uma informação sustentada economicamente por anúncios, inócua nas suas generalidades, confronta-se agora com o paradigma de uma quantidade imensa de zines, blogues, web-sítios, que se linkam e que criam redes de informação especializada muito mais interessantes que os meios de comunicação tradicionais, imprensa, rádio e televisão.
A crítica de Pacheco Pereira no Abrupto ao blogue Grandelojadoqueijolimiano, mas sobretudo a resposta destes (uma peça argumentativa de antologia), mostra que o espaço de opinião não se confina mais aos jornais estabelecidos e aos opinion makers encartados. Os blogues temáticos, (ver sobre o tema o artigo da Anabela Gradim "To blog or no to blog") estão aí como fonte aberta de informação e discussão. Trata-se agora de cada um ganhar a sua credibilidade e autoridade, pela riqueza da informação oferecida e pela consistência da argumentação aduzida.
Os jornais, de referência e não só, possuem desde sempre o poder de conferir visibilidade, ou desmultiplicar o peso e importância de um assunto, e, sobretudo, um poder negativo de perfil muito discreto: o poder de silenciar, o poder de não dizer - tão ou mais importante do que o primeiro. Comparando com as grandes cadeias de distribuição, Jerónimo Martins e Continente, que decidem sobre o que vender ou não vender, independentemente do valor do produto, também os meios de comunicação têm um poder tremendo de realçar e ocultar informação e opinião. Mas para os jornais, com o surgimento dos media uni-pessoais, those days are over. Podem todos os jornais decidir não haver espaço para um texto de opinião de crítica à política de Mariano Gago relativa à avaliação do ensino superior. Mas isso importa hoje muito menos do que ontem. O texto já se encontra alojado na página "Reformar a Educação Superior" de João Vasconcelos Costa, página incontornável de quem se dedica ao ensino superior em Portugal. Intitula-se "Avaliação da avaliação avaliadora", e encontra-se no local próprio, onde será acedido pelo público que verdadeiramente se interessa por tais questões.
Os jornais, de referência e não só, possuem desde sempre o poder de conferir visibilidade, ou desmultiplicar o peso e importância de um assunto, e, sobretudo, um poder negativo de perfil muito discreto: o poder de silenciar, o poder de não dizer - tão ou mais importante do que o primeiro. Comparando com as grandes cadeias de distribuição, Jerónimo Martins e Continente, que decidem sobre o que vender ou não vender, independentemente do valor do produto, também os meios de comunicação têm um poder tremendo de realçar e ocultar informação e opinião. Mas para os jornais, com o surgimento dos media uni-pessoais, those days are over. Podem todos os jornais decidir não haver espaço para um texto de opinião de crítica à política de Mariano Gago relativa à avaliação do ensino superior. Mas isso importa hoje muito menos do que ontem. O texto já se encontra alojado na página "Reformar a Educação Superior" de João Vasconcelos Costa, página incontornável de quem se dedica ao ensino superior em Portugal. Intitula-se "Avaliação da avaliação avaliadora", e encontra-se no local próprio, onde será acedido pelo público que verdadeiramente se interessa por tais questões.
2 Comments:
Caro pj
Mas eu não faço qualquer comparação...!
a. fidalgo
Concordo inteiramente que a comunicação social, se calhar porque somos todos coniventes, parece agora empunhar versões actualizadas das ferramentas utilizadas pela Censura Salazarista "do meu tempo".
Tem havido, para alguns jornais e até rádios, pessoas e entidades intocáveis, exemplo e com provas pessoais minhas que disponibilizo se for necessário - Diário Económico, entidade focada "CRUP".
Tal, como na intervenção que aqui comento, também subscrevo que ainda bem que actualmente existem formas de comunicação de qualidade e isentas.
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